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"IMPORTANTE É O QUE FAZEMOS DO QUE FIZERAM DE NÓS." Virgílio Ferreira cit. por Júlio Machado Vaz in "Estes difíceis amores"
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Acreditar em tudo o que se vê... 7 Feb 2020 6:56 AM (5 years ago)


Existe quem acredita que aqueles que muito riem e contam piadas é porque estão felizes. Sorrisos, frases de alegrias constante e usar do sentido de humor para classificar tudo e todos... Às vezes tudo isso traz ao de cima aquela ideia que temos é gente feliz com lágrimas... quantas vezes por trás de um sorriso existe dor, quantas vezes por trás de uma piada está um tentativa de não tornar o diálogo sério, quantas vezes por trás do riso está o choro contido, bem afundado e que prefere não sair...

Existe quem acredita que aquele que fala alto, grosso e com assertividade é o forte, que não verga a nada nem a ninguém, que controla a situação.... quantas vezes por trás de um berro está uma pessoa cheia de medo, quantas vezes por trás de um falar grosso está alguém tão inseguro que tenta controlar a situação a todo o custo, quantas vezes por trás da agressividade está a tentativa de manipular porque sabemos que estamos errados...

O silêncio muitas vezes é feliz... o calar muitas vezes é força... o compreender não é submissão mas empatia e apreço... as palavras serenas muitas vezes são poderosas... ceder muitas vezes é altruísmo... os sérios muitas vezes estão cheio de pensamentos positivos... os discretos muitas vezes fazem-se notar mais que todos...

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"A força de um homem não está na coragem de atacar, mas na capacidade de resistir aos ataques." 
Morihei Ueshiba

Consequências... 20 Feb 2012 6:28 AM (13 years ago)

"Pensem que as palavras a que não se segue nenhuma consequência são ditas para nada."
Demóstenes

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Delírio da Posse 14 Sep 2011 6:37 AM (13 years ago)



"Não confundas o amor com o delírio da posse, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer. (...) O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca."

Antoine de Saint-Exupéry, in "Cidadela"

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Leituras Soltas III - Capicua[s] 7 Dec 2010 6:18 AM (14 years ago)


Lançamento do Leituras Soltas III (Fnac e editora O Liberal) que contará com a colaboração de escritores como Viale Moutinho, João Dionísio, Anabela Machado, Joana Homem da Costa, Rui Nepomuceno, David Fazendeiro, Beatriz Campos, Asdrúbal Vieira e Gizela Silva. E de António Barroso Cruz enquanto coordenador do projecto. O Lançamento será no dia 8 de Dezembro, pelas 17h00 no auditório da Fnac no Madeira Shopping.
____________________________________________________________________

Capicua[s]


(...)O silêncio sempre esteve muito presente, sempre foi muito incómodo, aquelas horas de capicuas eram perfeitas porque era tempo de dizer qualquer coisa naquele silêncio desconfortável em que vivíamos, no silêncio das horas a passar, dos dias a passar, mesmo dos anos a passar e tudo mudava mas nós, nós não mudávamos, se é que algum dia existimos.


Aquelas duas pessoas que passeavam no carro, não sei se realmente existiram, ou talvez tenham existido mas, durante tantos anos, o “nós” durou o tempo de uma capicua no relógio digital. Aparecíamos e desaparecíamos como as horas de capicua, mas nunca fomos reais como queríamos ser, seríamos sempre um certo minuto numa hora do dia. (...)


Joana Homem da Costa in Leituras Soltas III

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Levantar... 22 May 2010 9:50 AM (14 years ago)

Sempre que caímos, levantamo-nos, mas antes disso é preciso rebolar para bem longe daquela multidão aos turbilhões, do tumulto e dos abalroamentos, do mundo em redor repleto de pessimismo e sarcasmo, da tristeza do olhar, das cabeças que tombam, para nos conseguirmos levantar sem cairmos de novo...

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Coisas pequenas... 19 Mar 2010 8:32 AM (15 years ago)

Foto: Frederico Homem de Gouveia



Assim que olho à minha volta e reparo que tantos estão preocupados com coisas pequenas, que não interessam nada, e não trazem nada de bom, só mau, ressentimentos, mágoa e pequenez de espírito reparo que ao reparar e me importar com isso também estou a me preocupar com coisas pequenas, porque a preocupação com a preocupação de coisas pequenas é também muito pequena…

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Hoje soube-me a pouco... 11 Feb 2010 7:10 AM (15 years ago)


E o que é que foi que eu disse?

"Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Passa aí mais um bocadinho
Que estou quase a ficar louco
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Portanto
Hoje soube-me a pouco..."

Sérgio Godinho - "Com um brilhozinho nos olhos"

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Ilha... 10 Feb 2010 5:43 AM (15 years ago)


Pequena? Não é nada pequena! Falta de espaço é algo que não existe quando a limitação está simplesmente na nossa cabeça. Únicos? Isso de certa forma seremos sempre, como seres individuais, mas não seremos nunca únicos naquilo que fazemos porque o que nos torna melhores ou piores não é o isolamento no sucesso mas sim a existência na imensidão. Melhores? Isso seremos sempre que acordarmos para a vida e quisermos evoluir, melhores que os outros, isso não existe porque nunca teremos a verdadeira noção da realidade do que são os outros e às vezes nem teremos a noção de quem somos nós mesmos…


Neste espaço considerado pequeno não terei mais espaço se afastar de mim todos os que me põem em causa. Concorrência? É a representação da nossa insegurança e medo de falhar que está fora de nós, porque um dia fizeram-nos acreditar que a solução era sermos únicos e que a existência de mais poria a nossa existência em causa. Inveja? Isso existe muitas vezes na nossa cabeça para justificar os importunos que vêm do exterior e que nos fazem questionar ou duvidar…


Queremos ser únicos à força por isso afastamos a concorrência, achamos que somos melhores e por isso mesmo únicos. Falta de espaço para mais que um? Falta de espaço para querermos ser o que realmente importa, únicos em nós mesmos, originais e simplesmente nós, e se existirem outros? Se o caminho é para a frente, podemos contornar a multidão, desviarmo-nos pelo caminho mas não existe a necessidade de passar por cima de ninguém, nem querer que o espaço esteja despovoado para nos sentirmos realizados, nós somos nós, únicos pelo valor que conquistamos, valor esse que não roubamos de ninguém, existe para todos…

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Eu...? (Poderei ser) 25 Jan 2010 3:53 PM (15 years ago)

Eu...? (Poderei ser)

Este meu mal, este meu bem
Sem saber porquê
Esconde uma fúria que nem vê
Esquece a harmonia que acontece quando se faz
Tudo o que se é capaz

Ser ou não ser é a questão
Ter ou não ter razão
E não temer

Caras que foram tão reais
São hoje sombras vazias e nada mais

Este meu mal chegou ao fim
Era fatal
Correr o mal dentro de mim
Correr com aquilo que apodrece quando se quer
Este meu bem, meu ser

Ser ou não ser é a questão
Ter ou não ter razão
E não temer

Caras que foram tão reais
São hoje sombras vazias e nada mais

Este meu mal chegou ao fim

Jorge Palma
*Canção interpretada por João Henrique no single Eu...? (Poderei ser) / Minha Imagem, Minha dor

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Andamos... 6 Jan 2010 5:38 PM (15 years ago)

Andamos lado a lado, mas não andamos de mão dada, e só percorremos o mesmo caminho porque sou eu que marco o passo, apressado para nem dar a hipótese de mudar o rumo, de voltar atrás, marco o passo sem parar, lado a lado, mas não andamos de mão dada, acompanhas simplesmente porque marquei o passo e no seguimento da vida, de um modo confortável e habitual a monotonia não incomoda, até agrada, porque de certa maneira assim o passo da vida está marcado, andamos lado a lado, eu marco o passo e tu simplesmente acompanhas até que o passo me falhe por simples e mero cansaço de caminhar sem destino, e porque não andamos de mão dada...

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Fábula... 3 Sep 2009 5:35 AM (15 years ago)


Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um pirilampo. Ele fugia com medo da feroz predadora, mas a cobra não desistia. Um dia, já sem forças, o pirilampo parou e disse à cobra:
- Posso fazer três perguntas?
- Podes. Não costumo abrir esse precedente, mas já que te vou comer, podes perguntar.
- Pertenço à tua cadeia alimentar?
- Não.
- Fiz-te alguma coisa?
- Não.
- Então porque é que me queres comer?
- PORQUE NÃO SUPORTO VER-TE BRILHAR!!!

E é assim....

Diariamente, também nós tropeçamos em cobras!

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"As mulheres têm os fios deligados" 3 Aug 2009 2:51 AM (15 years ago)

foto: Rui J Santos
Por estas e por outras é que eu simplesmente venero este homem (António Lobo Antunes):
“…e pergunto-me se os homens gostam verdadeiramente das mulheres. Em geral querem uma empregada que lhes resolva o quotidiano e com quem durmam, uma companhia porque têm pavor da solidão, alguém que os ampare nas diarreias, nos colarinhos das camisas e nas gripes, tome conta dos filhos e não os aborreça. Não se apaixonam: entusiasmam-se e nem chegam a conhecer com que estão. Ignoram o que ela sonha, instalam-se no sofá do dia a dia, incapazes de introduzir o inesperado na rotina, só são ternos quando querem fazer amor e acabado o amor arranjam um pretexto para se levantar (chichi, sede, fome, a janela que se esqueceram de baixar o estore) ou fingem que dormem porque não há paciência para abraços e festinhas, pá, e a respiração dela faz-me comichão nas costas, a mania de ficarem agarrados à gente, no ronhónhó, a mania das ternuras, dos beijos, quem é que atura aquilo?...”

“- As mulheres têm os fios desligados e um outro elucidou-me que eram como os telefones: avariam-se sem que se entenda a razão, emudecem, não funcionam e o remédio é bater com o aparelho na mesa para que comecem a trabalhar outra vez. Meu Deus, que pena me dão as mulheres. Se informam – Já não gosto de ti se informam – Não quer mais aí estão eles a alternarem a agressividade com a súplica, ora violentos ora infantis, a fazerem esperas, a chorarem nos SMS e levantarem a mãozinha e, no instante seguinte, a ameaçarem matar-se, a perseguirem, a insistirem, a fazerem figuras tristes, a escreverem cartas lamentosas e ameaçadoras, a entrarem pelo emprego dentro, a pegarem no braço, a sacudirem, a mandarem flores eles que nunca mandavam flores, a colocarem-se de plantão à porta dado que aquela puta há-de ter outro e vai pagá-las, dispostos a partes gagas, cenas rídiculas, gritos. A miséria da maior parte dos casais, elas a sonharem com o Zorro, Che Guevara ou eu, e els a sonharem com o decote da vizinha de baixo, de maneira que ao irem para a cama são quatro: os dois que lá se deitam e os outros dois com quem sonham…”

António Lobo Antunes “As mulheres têm fios desligados” – Crónica na Visão

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Faz sempre bem recordar: 28 Jul 2009 6:42 AM (15 years ago)

Pintor Danilo Gouveia (40 anos a pintar - 1960/2000)
Por entre uma crise de valores, onde nos confundimos e nem sabemos o que é certo ou errado, o que é simples ou complexo, o que é suposto ou o que é imposto. Quando nos aproximamos de mansinho do mundo das artes de hoje em dia e nos surpreendemos pela arrogância, vedetismo e pelas pedras que atiram a quem humildemente se quer aproximar, experimentar ou tentar fazer o que gosta.

Nos dias que correm onde já se perdeu a noção de talento para se dar lugar a ambição, e já perdeu a noção de simplicidade, compreensão e respeito pelo próximo para dar lugar a ganância e desrespeito. Quando aprendemos que para ganhar um lugar ao sol temos que apanhar muitos escaldões, e na maioria da vezes o melhor é nos metermos à sombra para não magoar muito o interior. Quando nem percebemos a razão das coisas, porque por uma questão naife, ingénua e talvez imatura ainda achámos que o mundo está cheio de pessoas seguras e boas, mas no entanto só se cruza com pessoas mal resolvidas.

Quando chegamos ao mundo dos crescidos a pensar que vão ser todos como aqueles bons exemplos que conhecemos ou que tivemos a sorte de crescer com eles por perto, e encontramos pessoas a quererem destruir antes sequer de tudo começar, ou impedir a entrada antes de sequer de chegarmos à porta, quando nos desiludimos com a vida…

Vivendo e escrevendo em completa antítese, na complexidade ou simplicidade dos opostos, quando aparece o mau procuramos o bom, quando aparece o complicado procuramos o simples, quando nos deitam ao chão procuramos uma corda para voltar a trepar. Sempre que me desiludo com as pessoas procuro ou tento me lembrar de um bom exemplo para não me desiludir, ou para a decepção passar depressa, por isso nos tempos que correm lembrei-me de um exemplo de um verdadeiro artista, faz-me voltar a acreditar, faz-me voltar a sorrir por me lembrar, encontrar ou reencontrar pessoas que valem a pena, e por isso fazem com a vida valha a pena…

Para me relembrar porquê é que sempre achei a vida das artes interessante aqui vai um pouco do que me fez gostar, interessar-me e neste momento, voltar a acreditar:
Danilo Gouveia - 40 anos de pintura (1960-2000)

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E tem dito... 26 Mar 2009 5:57 PM (16 years ago)

E ele olhou para mim do alto daqueles óculos de aros pretos, com o seu ar calmo e complacente e disse:

“Olhe…faça o favor de ser feliz!”



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Eu agi sempre... 19 Mar 2009 6:44 PM (16 years ago)

Eu agi sempre,
Eu agi sempre para dentro
Eu nunca toquei na vida.
Nunca soube como se amava...
Apenas soube como se sonhava amar.
Se eu gostava de usar anéis de dama nos meus dedos,
É que às vezes eu queria julgar
que as minhas mãos eram de princesa.
Gostava de ver a minha face reflectida,
Porque podia sonhar que era a face de outra criatura.

Extraído do Livro do "Desassossego" de Fernando Pessoa


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O Meu Cão Dourado! 10 Mar 2009 3:06 PM (16 years ago)





Tinha um “black dog”, mas um “black dog” daqueles que parece que nos persegue a todas as horas do dia, um “black dog” que foi aparecendo aos poucos, por inúmeros motivos e me deixou assim, acompanhada por um “black dog”.
O “black dog” aos poucos parou de estar sempre presente, era por fases, às vezes estava presente, mas volta e meia voltava, ocupava um lugar em mim e não me deixava ver mais nada, impossibilitava-me de ver o bom da vida e preencheu em mim uma névoa pessimista.
Comecei a conseguir manda o “black dog” dar uma volta ao bairro de vez em quando, deixava a porta aberta e mandava-o embora, ele partia mas voltava, até um certo dia em que tudo mudou.
Um dia mandei o “black dog” dar uma volta pelo bairro e enquanto aproveitava os momentos em que ele não estava presente um cão dourado entrou-me pela porta de casa e subiu a rampa. Um verdadeiro cão dourado, solitário, com manchas de óleo no pêlo e um ar perdido.
O cão dourado sentou-se ao pé de mim, pediu umas festas no focinho para compensar ter sido enxotado por uma vassoura da casa da vizinha. Ali ficámos os dois, sentados, com o mesmo ar perdido. Olhei para ele e disse-lhe que tinha mesmo ar de Jorge, e tinha, ele retribuiu o olhar e fitou-me de língua de fora.
Primeiro pensei que aquele cão dourado não era meu e devia ter o seu dono, de certeza, o meu cão era preto, um “black dog”, não fazia companhia nem olhava para mim com aquela expressão. Por isso mesmo mandei o Jorge seguir o seu caminho, disse-lhe que voltasse para o seu dono mas ele ali ficou, dia após dia acordava, abria a porta e lá estava o cão dourado com cara de Jorge a olhar para mim.
O Jorge tinha uma coleira gasta e que mostrava que vivia algures amarrado, uma coleira de pulgas e não preferia ir para nenhum lugar senão estar ali. O Jorge passeava pelo bairro mas voltava sempre, sempre para mim, chegava contente por me ver e sentava-se ao meu lado, focinho no meu colo.
O “black dog” nunca mais voltou, e quando entra em mim um pouco de solidão, descontentamento olho para o Jorge e lembro-me que se ele se salvou, conseguiu encontrar o seu rumo depois de se perder, conseguiu encontrar um porto de abrigo depois de ter sido abandonado, conseguiu ser feliz depois de ser enxotado e desprezado, tudo é possível. Todos podemos trocar um “black dog” por um Jorge, o cão dourado.

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Apontar... 28 Dec 2008 7:04 PM (16 years ago)


Ouvi um dia alguém dizer…

“Devemos ter muito cuidado quando apontamos o dedo, porque nunca podemos esquecer que nesse momento temos 3 dedos a apontar para nós”

Sabemos tão bem corrigir, emendar, criticar, julgar comportamentos alheios, mas poucas vezes paramos para pensar que por vezes fazemos o mesmo…ou pior, ou o mesmo mas de outra maneira.

Quantas vezes não estamos a ouvir alguém se queixar deste, daquele, do outro, do que fizeram, fazem e estamos a pensar para nós: "Mas...tu fazes exactamente o mesmo!"


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Naufrago... 6 Nov 2008 5:58 PM (16 years ago)

“Assim
Que o dia amanheceu
Lá no mar alto da paixão,
Dava prá ver o tempo ruir
Cadê você?
Que solidão!
Esquecera de mim?

Enfim,
De tudo o que
Há na terra
Não há nada em lugar
Nenhum!
Que vá crescer
Sem você chegar
Longe de ti
Tudo parou
Ninguém sabe
O que eu sofri...

Amar é um deserto
E seus temores
Vida que vai na sela
Dessas dores
Não sabe voltar
Me dá teu calor...

Vem me fazer feliz
Porque eu te amo
Você deságua em mim
E eu oceano
E esqueço que amar
É quase uma dor...”


Djavan

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A Apresentadora... 9 Oct 2008 6:40 PM (16 years ago)

“Olho para esta mulher e aquilo que me vem à cabeça é que

Algumas pessoas fazem o melhor que podem com aquilo que lhes é dado.


Conheci a Joana Homem da Costa há cerca de 3 anos, no dia em que chegou até mim com o firme propósito de tirar de dentro de si aquilo que lhe estava causar incómodo. Falámos durante muito, muito tempo, sobre estes incómodos, que se reflectiam nas situações do dia a dia e, sobretudo nos relacionamentos. Falámos muito tempo nos outros. O grande problema da humanidade: os outros.


E a Joana descreve brilhantemente esse tema num dos seus textos, Os outros. Aqueles que, supostamente, têm culpa de não nos sentirmos como gostaríamos de nos sentir. Desse texto, fica a sua frase: Porque o mais difícil é pensar que o que está constantemente a nos pôr em causa, somos nós mesmos.


A Joana, no seu livro, descreve este acontecimento de uma forma mais bonita do que eu, mas farei também o meu melhor. Um dia, pedi-lhe que escrevesse uma carta para alguém, onde colocasse tudo aquilo que pensava, sentia, tudo o que não tinha dito e gostaria de dizer. Falávamos horas a fio sobre aquilo, ela fazia monólogos consigo mesma, expressava a raiva e a insegurança, os medos, as tristezas. “A minha mente não pára, estou sempre a pensar no que foi, no que é, no que poderia ter sido, naquilo que pode vir a ser. E a encontrar forma de planear e estruturar tudo.”

Olhou-me de uma forma estranha, após o pedido, balbuciando um “vou tentar”, isto porque, apesar de pertencer a uma família de pessoas ligadas às letras, não era algo para que tivesse muito jeito. “Sou muito confusa”,disse-me.


Uma semana depois chegou com vinte folhas escritas, folhas essas que não precisámos de ler. Ficámos estupefactas, ambas. Eu, porque não me parecia que alguém que não gostava de escrever, porque não tinha jeito, escrevesse 20 folhas de uma carta que nunca seria enviada. Ela porque “não sabia que tinha tanto para dizer…” E descobria o alívio e a solução para colocar para fora aquilo que a incomodava. Escrever sobre isso.


“Descobri que quando saí cá para fora é mais fácil, e me organizo melhor.”


E depois a Joana começou a escrever.

Alguns anos depois surge de uma deambulação intensa sobre si mesma, de uma mente acutilante e ousada. De uma coragem da autora se por em causa e de colocar tudo em causa. Ela não se nega, não se subtrai das situações que a vida lhe trás, mas experiencia-se, questiona-se sobre o mundo, sobre o porque é que as coisas são o que são, como são. Sobre as regras que nos impomos e porque será errado mudá-las.


As metáforas que usa são-nos comuns, conseguimos olhá-las, identificar-nos com cada experiência, reflectir sobre as pequenas mudanças que nos recusamos a fazer, para não sairmos da nossa zona de conforto.

Diz a autora:


Fiz a cama, arrumei os armários por cores porque me organizo assim, é assim que eu sou, faz parte de mim, mas de vez em quando ainda coloco uma peça de roupa verde no meio das vermelhas só para ver o efeito.


Ao longo dos textos com que nos presenteia, podemos nem sempre concordar com ela, mas não podemos negar que nos toca, nos choca, nos ajuda a por em causa, nos faz questões que poucas pessoas nos fariam. Há quanto tempo não pensas?”


É com uma ponta de sarcasmo que nos fala da sociedade em que nos movemos, das relações que construímos e, mais uma vez, dos outros, aqueles a quem podemos sempre culpar se algo não dá certo.


É com simplicidade e sensibilidade que descreve a vivência de uma noiva a preparar o casamento, a relação com uma criança de sete anos ou faz uma declaração de amor apaixonada.


Existem alguns textos que nos perturbam, que nos falam das viagens ao inferno, das travessias no deserto. Dos medos, das inseguranças, da solidão, da sombra que nos habita. Expõe-se sem medo, acreditando sempre que o diálogo, a ausência de assuntos tabus é o melhor meio de encontrar o amor. Amor-próprio, amor romântico, amor por si só.


Leio o livro, e não me parece que a Joana ainda procure desenvencilhar-se daquilo que a incomoda. Percebo que utiliza esse material como uma fonte de auto-conhecimento, de crescimento e criatividade. Que descobriu que não somos feitos apenas de saquinhos de bem-estar, mas que luz e sombra se completam, quando temos coragem de nos aceitar como seres inteiros que somos. E que a realização vem daí, de fazermos o melhor de nós, com aquilo que somos em cada momento.


Os textos da Joana fazem-nos sentir isso. Que não faz mal sermos quem somos, que ganhar ou perder são faces da mesma moeda.


Termino com as suas palavras, de mais um dos textos.


Esquecemo-nos que na vida às vezes não estávamos preparados para ganhar, e isso fez-nos perder. O principal é pensar que quiseste aquele troféu como nunca quiseste mais nada na vida, que lutaste por ele da melhor maneira que sabias, com o material que te foi fornecido, e nas condições em que te encontravas na altura da competição, quem levou o troféu não foste tu, mas quem disse que não és um vencedor?


Quem disse que teres perdido esse troféu não foi o caminho necessário para ganhares tantos outros?


Estás aqui, és uma vencedora. Este é verdadeiramente o teu troféu. Parabéns!!!”


Élia Gonçalves (Apresentação do livro “Alguns anos depois…” no Onda Jazz em Lisboa)

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Mensagem 21 Aug 2008 3:45 PM (16 years ago)

Quando a nossa inspiração não anda a nos acompanhar lado a lado, conseguimos sempre encontrar quem diga por suas palavras coisas tão nossas.

Mensagem
Maria Bethânia

(...)Quanto a mim o amor passou
Eu só lhe peço que não faça como gente vulgar
E não me volte a cara quando passa por si
Nem tenha de mim uma recordação em que entre o rancor
Fiquemos um perante o outro
Como dois conhecidos desde a infância
Que se amaram um pouco quando meninos
Embora na vida adulta sigam outras afeições
Conserva-nos, caminho da alma, a memória de seu amor antigo e inútil

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...só se dá para quem se deu... 21 Aug 2008 3:35 PM (16 years ago)

Como Dizia o Poeta
Vinicius de Moraes

Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão

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I Want Love 13 Jul 2008 6:45 PM (16 years ago)

"I Want Love"
Elton John


"(...)I want love on my own terms

After everything I've ever learned
Me, I carry too much baggage
Oh man I've seen so much traffic

But I want love, just a different kind
I want love, won't break me down
Won't brick me up, won't fence me in
I want a love, that don't mean a thing
That's the love I want, I want love

So bring it on, I've been bruised
Don't give me love that's clean and smooth
I'm ready for the rougher stuff
No sweet romance, I've had enough (...)"

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20 folhas depois... 22 Jun 2008 6:46 PM (16 years ago)

(Publicado)

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